quinta-feira, 24 de novembro de 2011

AMORA... S2










Ainda me lembro de quando a conheci. Eu não estava planejando levar nenhum cachorro pra casa; fui na ONG CÃO VIVER para fazer trabalhos voluntários. Fui colocar água num canil onde só tinha filhotes, mas nenhum deles se moveu ao me ver. Exceto uma simpática cadelinha toda mesclada, com uma cordinha vermelha no pescoço que estava lá no fundo no meio de vários filhotes pretinhos. Foi ela quem me escolheu, como todos disseram. Depois disso ela não saía de perto de mim. Ficava querendo fugir pra ir atrás de mim. Era só eu sentar que já vinha ela pulando no meu colo, pedindo carinho. Não pude resistir a tanto amor! Na mesma hora quis levá-la. Arranjaram uma caixa pra mim, comprei uma coleira, fiz o registro de adoção, ganhei uma bolsa da Pedigree com os documentos dela, vasilha, ossinho, um laço e uma caminha (os dois últimos por conta da minha mae*-*). Os veterinários todos foram se despedir dela, dizendo que ela era muito querida e que eles estavam felizes por ver que ela ficaria comigo. A simpatia dela atraía as pessoas na rua que logo chegavam perto pra brincar com ela e fazer perguntas. Foi a primeira vez que ela andou de ônibus, acabou vomitando dentro da caixa... =P chegando em casa, eu me senti uma criança com um brinquedo novo, não queria ir dormir e ter que ficar longe dela. E então aconteceu o MELHOR milagre de todos os tempos lá em casa: minha mãe deixou eu colocar meu colchão na sala e dormir com ela na caminha dela do lado. Ela só ficou na caminha dela por uns 5 minutos... depois se aninhou no meu abraço e caiu no sono... Desde o dia em que a conheci, cada dia me surpreendo mais ainda com ela e a amo cada vez mais. Muitas pessoas nunca entenderão... é uma pena. Mas a Amora é muito esperta e curiosa, vive tentando fugir pra ver o que tem pelo mundo. Ontem saí de casa com uma chuva daquelas e foi dificil sair de casa com a Amora querendo brincar comigo. Assim que fechei o portão, vi o ônibus chegando e saí correndo, desesperada pra não perdê-lo. Quando voltei pra casa porém, não ouvi os latidos felizes da Amora. Fiquei preocupada, procurei pela casa toda, chamei milhões de vezes pelo nome dela e nada... fui com minha irmã procurá-la pelo bairro. Além de escutar muitas histórias tristes (inclusive de uma tartaruga fujona), recebemos a única notícia de que um tempo depois que eu saí, ela saiu correndo atrás de mim, mas eu não vi porque já tinha subido no ônibus. Os vizinhos também nem foram atrás dela, ela correu muito raápido e ninguém tentou alcançá-la (tarefa difícil...). Ainda não acredito que perdi a Amora... estou com uma tristeza enorme... Mas fiz alguns cartazes, distribuí e falei com muita gente. Espero que ela volte, ainda tenho esperança. Estou me forçando a pensar que se ela não voltar, ela está com alguém que precise muito dela, e ela vai ajudar essa pessoa assim como me ajudou. Amora, por favor, volta logo...

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Pela Vizinhança Afora...

Como a maioria já sabe, não fui uma criança que brincava na rua, porque meu pai achava perigoso. Eu me divertia muito em todos os lugares que eu ia, em todas as casas com quintal, em todos os lugares que eu e meus irmãos podíamos inventar brincadeiras. O meu próprio quintal era muito grande e eu passava o dia inteiro lá, só saindo pra comer, ir ao banheiro e mostrar um joelho machucado. Mas quando as outras crianças iam brincar na rua e nos chamavam, era uma decepção total. Eu ficava ouvindo as outras crianças brincarem lá fora e imaginava que estar lá deveria ser uma das melhores coisas da vida. De vez em quando eu planejava secretamente uma fuga perfeita... fugiria de casa só na parte da tarde e iria para todas as ruas do mundo, brincar com todas as crianças de todas as ruas. O tempo passou, eu deixei a idéia de fuga no fundo do baú. Cresci sem ter muito contato com as crianças da minha idade. Mas eu estava acostumada com isso, nem ligava mais.
Fiquei desempregada por alguns meses e isso me fez conhecer melhor as pessoas que moram no meu bairro. A Regina (com mais ou menos 47) adora cachorro, tem uns 3 que vivem fugindo e ela se desespera. Mora com a mãe que já é idosa e que não dispensa uma boa conversa. O Matheus tem uns 9 anos, mora com os avós, não tem irmãos e é meio tímido. Às vezes tenta esconder o que sente, mas quem o conhece bem sabe o que passa em sua cabeça. O Eric deve ter uns 11 anos e fala 24hs por dia sem parar pra respirar, é uma piada! Gosta da natureza e seu sonho é voltar o tempo e nascer índio. Tem um casal de idosos que são muito fofos e saem todos os dias pra passear, sempre os encontro por todos os lugares. Também tem a Maria de 54 anos que tem 12 cachorros, 5 netos, 3 filhos e 6 meses de casada. O último cachorro da Maria, fui eu que dei como presente de casamento. É uma cadelinha que o Matheus e o Eric acharam abandonada e não puderam cuidar dela, o Matheus quase chorou ao pensar que ele teria que abandonar a Princesa (nome que minha mãe deu a cadelinha). Então, no dia seguinte saí com o Matheus pela vizinhança, à procura de um novo dono bondoso pra Princesa; depois de um dia inteiro andando com aquele filhote gordo nos braços, ficamos sabendo do casamento da Maria. Foi aí que eu tive a idéia de presentea-la. Assim, o Matheus pode ir brincar com a Princesa sempre que ele quiser, pois é perto da casa dele e temos a certeza que ela está sendo bem cuidada. Tem a Maura que é um amor de pessoa, sabe de tudo o que acontece, sem fofocar (eu acho). Vive falando a frase: "Ninguém comenta, mas todo mundo sabe!"; é muito bondosa, mas ao mesmo tempo muito desconfiada de tudo e de todos. E é claro que também tem os fofoqueiros, os macumbeiros, os que odeiam todo mundo, os que querem ajudar a todos, os que fazem festas que só começam a meia-noite, o padeiro simpático (apesar de ser cruzeirensse), o vizinho gatinho que só te vê quando você acabou de dar uma faxina na casa e está com cara de lixo. Tem as senhoras bondosas que sempre te desejam toda a felicidade do mundo, dizem como o tempo passou rápido, que você cresceu muito e que por falar nisso ela tem um neto solteiro. Melhor parar por aqui, não ia caber a vizinhança inteira neste post.
Nesse último feriado do dia 2/11, estava em casa pensando em fazer nada, e fui surpreendida por vozes de crianças me chamando na rua. Quando olhei pela janela, lá estavam meus novos amiguinhos me chamando pra jogar bola! E vocês acreditam que eu fui mesmo? Eu, minha irmã e mais 5 meninos, brincando até anoitecer, de queimada, peteca, esconde-esconde, UNO... Me diverti tanto! Me senti criança de novo e eles não importaram nem um pouco com a minha idade. Pras pessoas que passavam na rua e não nos conhecem, achavam que eu tinha algum problema e me olhavam estranho, o que me divertiu mais ainda. Alguns vizinhos ficaram na porta ou na calçada fazendo torcida, rindo da gente e dedurando quem estava escondido. No fim da noite, eu e minha irmã parecíamos duas crianças voltando pra casa, precisando de um banho e contando das brincadeiras e tombos!
http://www.youtube.com/watch?v=-VAfDFTto20

Queria ter a liberdade na ponta das asas e o teu sabor decorado na minha língua Ser domingo no seu sofá e o ar quente do café que você idola...